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HPV – falta muita informação

 

Professora da UnB alerta que as adolescentes sabem pouco acerca do papilomavírus humano Boa parte das meninas que iniciam a vida sexual precocemente conhece as principais formas de contracepção e prevenção a doenças sexualmente transmissíveis.

Mesmo seguindo à risca às recomendações, algumas logo procuram o médico com queixas de dor na relação sexual e descobrem que pouco ou nada sabiam sobre outra doença séria: o HPV (papilomavírus humano). Com mais de cem subtipos, esse vírus está ligado ao câncer de colo de útero, que atinge cerca de 22 mil brasileiras por ano. A prevenção difícil ao HPV é uma preocupação dos especialistas. Segundo a professora de ginecologia e obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), Ceres Resende, que concluiu em 2002 uma atualização da literatura internacional sobre o tema, o preservativo de látex não barra toda a passagem do vírus.

“A camisinha ajuda a prevenir, mas pode haver lesões na bolsa escrotal, na vulva e na região perianal. Durante a relação sexual, haverá contato nessas áreas e transmissão do vírus ocorrerá”, afirma Ceres, que também é responsável pelo Ambulatório de Patologia Cervical do Hospital Universitário de Brasília (HUB). Outro complicador: enquanto as estimativas mundiais apontam que 33% da população feminina sexualmente ativa têm o vírus, nos homens, a detecção é muito mais baixa: gira em torno de 7%. “Isso não significa que eles não sejam portadores do vírus, mas apenas que é muito mais difícil fazer o diagnóstico”, continua a professora. Ela afirma que 60% dos parceiros das mulheres com HPV podem estar infectados. Como os sintomas do problema aparecem raramente, eles seguem mantendo relações sexuais e contaminando outras pessoas.

O vírus está cada vez mais disseminado. Estudos do ano passado, feitos em Washington (EUA), fizeram uma comparação entre dois períodos na vida de um grupo de garotas universitárias. Num primeiro momento, elas não tinham atividade sexual. Portanto, não apresentavam HPV. Dois anos depois, essas mesmas mulheres passaram por exames e 54% delas tiveram diagnóstico positivo para o HPV. Para a médica Ceres Resende, o maior problema é que quanto mais cedo iniciam a vida sexual, mais risco as jovens estão correndo. Isso porque elas ficam mais tempo expostas a fatores carciogênicos (que causam câncer). Sem falar na troca excessiva de parceiros. “Em geral, as lesões causadas pelo HPV em adolescentes são mais agressivas do que em mulheres mais velhas”, adverte Ceres. Felizmente, apenas 30 dos 100 subtipos do HPV atacam o colo uterino e nem todos eles levam ao câncer. Oitenta por cento das lesões de baixo grau regridem espontaneamente ou com tratamento médico simples. Apenas 20% resistem e podem evoluir para uma lesão de alto grau. Essas, se não tratadas, é que provocam o câncer de colo uterino – causador de 5,4 mil mortes por ano no Brasil. Daí a importância de procurar um ginecologista uma vez por ano para fazer o exame preventivo (papanicolau).

Se algum problema for detectado, o acompanhamento médico deve ser freqüente. Para a médica, essas informações não são passadas de forma clara para as mulheres. No caso das mais velhas, muitas vezes opta-se pelo alarmismo. No caso das adolescentes, ao contrário, o que se vê é uma completa desinformação sobre a doença e o vírus. “Todas devem estar conscientes acerca dos riscos da doença e as adolescentes poderiam aprender sobre o HPV na escola, nas aulas de educação sexual.” Sintomas: Em geral, surgem feridas ou pequenas verrugas na região ano-genital, tanto na parte externa (como vulva, sacro escrotal, pênis, ânus) quanto na parte interna (como canal da vagina e colo uterino). Mas o vírus pode ficar incubado por tempo indeterminado, sem apresentar sintomas visíveis. Tratamento: As vacinas para combater o vírus ainda estão em fase de teste. Os médicos tratam as lesões. Boa parte das lesões de baixo grau regride espontaneamente em até um ano. O ginecologista fará esse acompanhamento periodicamente. Em lesões maiores ou persistentes são retiradas. Fatores de risco: Início precoce da atividade sexual (abaixo dos 17 anos) porque o HPV em adolescentes costuma ser mais agressivo; pacientes com HIV (chegam a ter cinco vezes mais chance de contrair HPV); tabagismo; multiplicidade de parceiros.

CONTATO Professora de ginecologia e obstetrícia da UnB Ceres Resende, pelo telefone do Ambulatório de Ginecologia do HUB (61) 3448 5410

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