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O ciúme e a sexualidade

 

O ciúme pode externar-se por muitas formas de emoções como a ira, humilhação, ansiedade, tristeza, ódio, decepção e vergonha. Com elementos assim tão vagos e pessoais, o ciúme é um sentimento complexo, que desafia uma investigação científica.

A ciência não duvida do ciúme. A psiquiatria reconhece certas formas extremas de ciúme como um tipo de paranóia (distúrbio mental caracterizado por delírios de perseguição e pelo temor imaginário de a pessoa estar sendo vítima de conspiração). Aliás, parece próprio do ciúme estar sempre associado a alguma forma de medo ou insegurança. Tipicamente a pessoa ciumenta precisa de constante reafirmação de seu amor-próprio. Em geral ela desconfia de seu próprio valor e, por isso, tende a julgar que não é tão importante e nem bastante amada. O relacionamento sexual leva a um instinto de posse-posse do corpo, das atitudes e do pensamento do(a) parceiro(a).

Quando existe a posse de algo se tenta esconder, não expor, não ser visto ou tocado por outros, principalmente se este outro for do mesmo sexo. As atitudes de ciúme levam às vezes a prejuízos físicos e psicológicos irreparáveis, chegando até a castrações ou mutilações físicas. O prejuízo da resposta sexual do casal estará sempre presente frente a atos de ciúmes intenso, que tira a liberdade do pensar e do agir do companheiro(a). As mulheres são mais ciumentas? O mito social leva a este pensamento, mas este julgamento talvez resulte de uma falsa interpretação dos fatos. Por exemplo, crimes passionais cometidos por mulheres ciumentas atraem muita atenção da sociedade. Isso pode sugerir que as mulheres estão mais sujeitas aos desatinos do ciúme.

Mas, na realidade, entre cada dez homicídios cometidos por ciúme, apenas um ou dois são cometidos por mulheres. Também outro pensamento a favor de que as mulheres têm mais razões reais de ciúme é a idéia de que os homens são notoriamente infiéis. Por outro lado ,o ciúme da mulher está ligado ao medo do homem se apaixonar por outra”. É evidentemente “doentio” sentir-se compelido a manter uma ligação que, em vez de oferecer tais satisfações, aprisiona a pessoa nos tormentos do ciúme. Muitos maridos sentem ciúmes das amigas da mulher, assim como muitas mulheres sentem ciúme dos amigos do marido. Em geral esse tipo de ciúme não advém de nenhuma suspeita concreta de infidelidade sexual (que seria cabível se a pessoa rival ou a infiel tivesse orientação homossexual).

A causa do ciúme, nesses casos, provavelmente estará ligada à insegurança da pessoa ciumenta: ela sofre ansiedade por sentir-se excluída da ligação afetiva da pessoa amada com alguém.É relativamente comum, por exemplo, que a mulher tenha ciúme da amizade entre o marido e uma companheira de infância ou dos tempos de solteiro. A mulher sabe que nunca poderá ter papel na história de vida que os dois comungam. Se não estiver convencida de seu próprio valor e da importância afetiva que tem para o marido, a mulher pode sentir-se vagamente ameaçada e ir acumulando hostilidade, consciente ou não, contra o marido, seu amigo ou ambos. A personalidade da pessoa ciumenta apresenta características de timidez e também relacionada com sentimentos de insegurança. O tratamento do ciúme doentio é possível. Se a origem do ciúme for algum sentimento de inferioridade e de insegurança básica da pessoa, é possível melhorar a confiança dela em si mesma através das técnicas de psicoterapia e mediante atitudes corretas de apoio afetivo no meio familiar. Uma vez reduzido o sentimento de insegurança, talvez ela consiga alívio para a aflição do ciúme. Só quem confia em si mesmo pode confiar em outros, de modo que parece lógico começar pelo fortalecimento da autoconfiança.

DR CELSO MARZANO – UROLOGISTA E TERAPÊUTA SEXUAL

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