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Diabetes e atividade física

Desde o século dezoito, o exercício vem sendo defendido

 

 

Desde o século dezoito, o exercício vem sendo defendido como instrumento benéfico no tratamento de pacientes com diabetes mellitus (DM). Como ocorre em indivíduos sem diabetes, pacientes com DM apresentam um aumento na utilização periférica da glicose associado com um aumento na sensibilidade periférica a ação da insulina que persiste por 12 horas ou mais após o final do exercício. Em pacientes com DM tipo 1, um programa de exercício pode melhorar a sensibilidade à insulina. Alguns estudos porém, não demonstram uma melhora no controle glicêmico nestes pacientes. Entretanto é bem claro o efeito benéfico do exercício na performance cardiovascular e no perfil lipídico, aumentando HDL colesterol e reduzindo triglicérides, tornando valioso o seu efeito sobre a morbi-mortalidade em pacientes com DM tipo 1 e 2. No paciente com DM tipo 2, a ocorrência freqüente de resistência à insulina, obesidade, anormalidade no perfil lipídico e doença cardiovascular, tornam o exercício um potente coadjuvante aliado na terapêutica e com baixo risco de hipoglicemia.

 

No paciente com DM tipo 1, o risco de hipoglicemia ou de piora da hiperglicemia e cetose consequentes ao exercício merecem uma abordagem mais cautelosa. Todos os pacientes diabéticos que iniciarão um programa de exercícios físicos devem ser previamente avaliados. Se o controle glicêmico é pobre, deverá ser equilibrado antes do início do exercício. Como regra geral a glicemia deveria ser inferior a 250mg/dl e sem cetose. Retinopatia severa contra indica exercício intenso pelo risco de hemorragia. Exercícios envolvendo membros inferiores em pacientes com neuropatia periférica requerem observação cuidadosa de lesões nos pés e pode mesmo ser contra-indicado. Para pacientes com neuropatia pode ser necessário selecionar atividades que não coloque em risco o trauma de membros inferiores, como por exemplo nadar. Os diabéticos, reconhecem a atividade física como um elemento importante no controle metabólico. Porém, em raros casos recebem um suporte e apoio técnico adequados para fazê-la. Muitas vezes os pacientes diabéticos são orientados pelos endocrinologistas a fazerem uma atividade física, porém não sabem como começar, qual atividade fazer e como reajustar seu controle; ao se inscreverem numa academia, em geral, os pacientes se deparam com profissionais sem nenhuma noção sobre atividade física em diabéticos.

Após o início da atividade física, faz-se necessário a realização de glicemias capilares antes, durante (para treinos com duração maior de 1 hora) e depois da atividade. Com esses registros de glicemia capilar é possível o ajuste da dose de insulina que em geral é reduzida com a atividade física Eu, enquanto endocrinologista, portadora de DM tipo 1, amadora do atletismo e maratonista tenho oportunidade de vivenciar a atividade física baseada em um auto-conhecimento à respeito do controle metabólico e com um suporte que assimilei de associações de esporte e diabetes francesas que oportunamente mantenho contato. Pelo conhecimento da importância de um suporte adequado, venho buscando a criação de associações de esporte e diabetes no Brasil que viabilizem a participação dos portadores de DM nas diversas atividades esportivas. Fonte: diabetes.org.br Dra.Ana Claudia Ramalho Endocrinologista do Hospital Português

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