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Endometriose: como ficar grávida?

Logo após a menstruação, ele inicia seu crescimento

 

Um tema recorrente entre as mulheres porque além de causar dor durante a relação sexual e alterações intestinais durante a menstruação, a doença está associada às dificuldades para engravidar. Para entender o que é a endometriose, é preciso saber o que é o endométrio. O endométrio é o tecido que reveste o útero internamente. Todos os meses, quando a mulher menstrua, ele descama. Logo após a menstruação, ele inicia seu crescimento, para depois, novamente descamar, no próximo ciclo. É sobre o endométrio que os bebês se implantam. Se a mulher engravidar, ele permanece durante a gestação, caso contrário, será eliminado no sangue menstrual. Esse revestimento, muitas vezes, e por razões não totalmente esclarecidas, pode se implantar em outros órgãos: nos ovários, tubas, intestinos, bexiga, peritônio e, até mesmo, no próprio útero, dentro do músculo. Quando isso acontece, dá-se o nome de endometriose, ou seja, endométrio fora do seu local habitual.

 

Segundo a Associação Brasileira de Endometriose, a patologia está presente em 10% das mulheres em idade reprodutiva. Apresenta prevalência de 4,5 a 33,3% em mulheres submetidas a tratamento de esterilidade; 4,5 a 21,2% entre as pacientes atendidas com dor pélvica e 0 a 7,1% nas portadoras de tumoração pélvica. “A doença pode acometer mulheres a partir da primeira até a última menstruação, com média de diagnóstico por volta dos 30 anos. Normalmente a mulher tem 32 anos quando é feito o diagnóstico da doença. Em 44% dos casos passaram-se cinco anos ou mais até a doença ser diagnosticada”, informa Joji Ueno, coordenador do curso de pós-graduação do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Sintomas da doença A maioria das mulheres com endometriose apresenta dismenorréia, ou seja, cólica menstrual: o primeiro e mais importante sintoma da doença. Muitas vezes, são cólicas intensas que incapacitam de exercer atividades habituais. A dor pode ainda manifestar-se durante a relação sexual, quando o pênis encosta no fundo da vagina. Este é o segundo sintoma. Além desses sintomas, podem estar presentes a dificuldade para engravidar e alterações intestinais ou urinárias durante a menstruação. Nos casos mais avançados, a dor pode ocorrer também fora do período menstrual. Cólica intensa é o principal sintoma de endometriose e leva a suspeita de que a doença esteja instalada. Como diagnosticar A investigação clínica seguida de um exame físico adequado, o toque vaginal, permite verificar alguns aspectos característicos da doença. O exame ginecológico normal e de rotina não visa ao diagnóstico da doença em si, mas pode funcionar como prevenção primária para a endometriose. “O exame ginecológico é o ponto de partida para estabelecer o diagnóstico da endometriose”, afirma o Prof. Dr. Joji Ueno.

Se a doença se assesta no ovário, o ginecologista pode perceber o aumento dos ovários pelo toque. Se acomete a região que fica entre o útero e o intestino, um tipo de endometriose que se chama endometriose profunda, o toque permite perceber espessamentos atrás do útero e dor quando o médico apalpa essa região. Quando a doença acomete o peritônio, fica mais difícil estabelecer o diagnóstico pelo toque. Após o exame clínico, o ultra-som e os exames de laboratório são os meios adequados para diagnosticar as mulheres para as quais se deve indicar a laparoscopia, um exame realizado para visualizar as áreas da cavidade abdominal. A laparoscopia é ao mesmo tempo um teste de diagnóstico que avalia a extensão da doença e uma forma de iniciar o tratamento da endometriose. Tratamento Depois que se faz uma análise da cavidade abdominal, dos pontos com comprometimento pela endometriose, procura-se ressecar sempre que possível os focos que se encontram nos ovários, trompas, útero, peritônio e intestino. “Através da laparoscopia conseguimos ressecar também os focos existentes no tecido que reveste a cavidade abdominal e outros mais profundos localizados nos intestinos, indicativos de casos mais graves e que demandam tratamento efetivo”, explica o especialista em Reprodução Humana. A cirurgia convencional é também uma alternativa para remover as lesões de endometriose, mas a laparoscopia é o método mais utilizado para diagnóstico e tratamento dessa doença. A cirurgia convencional tem se tornado um procedimento cada vez menos freqüente. Com a laparoscopia, é possível realizar a quase totalidade dos procedimentos que eram feitos por via aberta. A laparoscopia, por seu caráter diagnóstico e cirúrgico, muitas vezes evita que a mulher tenha que recorrer à fertilização in vitro ou a outros procedimentos de reprodução assistida de alta complexidade para conseguir engravidar. Endometriose x fertilidade A endometriose provoca alterações no ciclo menstrual, por isso a relação entre a endometriose e a infertilidade feminina pode manifestar-se em alguns casos. “Pacientes em estágio avançado da doença e obstrução na tuba uterina que impeça o óvulo de chegar ao espermatozóide têm um fator anatômico que justifica a infertilidade”, explica o médico. Além disso, algumas questões hormonais e imunológicas podem ser a causa para que algumas mulheres com quadros mais leves de endometriose não consigam engravidar.

“Após o tratamento, geralmente após a realização da laparoscopia, uma boa parcela das pacientes consegue engravidar, principalmente as mulheres em que as tubas não tiverem sofrido obstrução”, informa o doutor. É por isso que no final da laparoscopia, costuma-se injetar contraste pelo canal do colo uterino para ver se ele sai pelas tubas. A caracterização dessa permeabilidade tubária é um ponto a favor de uma gravidez que depende, entretanto, de outros fatores como a função ovariana ou a não formação de aderências depois da cirurgia, por exemplo. Depois da laparoscopia, quando a doença está num estágio avançado, costuma-se indicar uma medicação para suprimir temporariamente a menstruação. São geralmente medicamentos que bloqueiam a função ovariana, durante três ou quatro meses, para a paciente poder se recuperar. Depois disso, a possibilidade da doença voltar existe, porque o retorno da função menstrual pode determinar o reaparecimento das lesões. Por isso, em alguns casos, é preciso bloquear a menstruação por mais tempo e tomar cuidado depois das gestações para que não haja recidivas. “A cura da endometriose depende da boa administração da doença e nem sempre representa a extirpação eterna dos focos porque, em alguns casos, podem voltar”, alerta o especialista. FERTILIDADE – Alguns estudos apontam que existe um fator hereditário que deve ser levado em conta nos casos de endometriose. Logo, mulheres que têm conhecimento de casos da doença na família podem se antecipar a um futuro problema de infertilidade, fazendo os exames necessários para diagnosticar a doença; – Sabe-se que mulheres com endometriose têm traços maiores de ansiedade e estresse. Portanto, o estresse é um fator de risco assim como as condições ambientais. Isso vale para o câncer e para a endometriose; – De 40% a 50% das adolescentes que apresentam cólica incapacitante, quer dizer, dor intensa que requer repouso e as impede de exercer as atividades normais, podem apresentar endometriose, sem saber. O diagnóstico precoce da doença pode preservar a fertilidade desta mulher. Fonte: Clínica Gera, fone: (11) 3266 7974. Homepage: www.gerasp.com.br

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