Quando a magreza é problema
Na prática, podemos estar magros porque estamos
Enquanto muitos lutam para baixar o ponteiro da balança e ser magro virou sinônimo de beleza e aceitação social, há quem tente o caminho contrário. Para esses, a dificuldade está em ganhar peso e superar a magreza excessiva, que, assim como a obesidade, pode ser motivo de muitos transtornos. “Na prática, podemos estar magros porque estamos doentes, porque não estamos comendo a quantidade suficiente de calorias para cobrir nossas perdas ou porque somos constitucionalmente magros”, explica a médica endocrinologista e nutróloga, Ellen Simone Paiva. Quando o índice de massa corpórea (IMC, que é o peso dividido pela altura ao quadrado) alcança níveis abaixo de 18 a situação acena perigosamente para graus de desnutrição, alerta. “Nunca podemos afirmar que uma pessoa muito magra está bem de saúde sem afastar todas as doenças possíveis de causar a perda de peso”, diz a médica, acrescentando que a doença quando instalada costuma apresentar outro sintoma, além da magreza.
“Se um paciente bem magro nos procura tentando ganhar peso, nossa primeira atitude é garantir que ele está saudável. Se está, o próximo passo será checar seu gasto calórico e sua ingestão através de um histórico alimentar, que revelará a possível discrepância entre o gasto e a ingestão”, afirma a médica, que é diretora-clínica do Centro Integrado de Terapia Nutricional (Citen). Ser magro e nada mais confere status de saúde ao paciente. “Uma característica fundamental do magro saudável é a de que, geralmente, ele tem um histórico de ter sido sempre magro, se alimentando bem”. Diferente dos pacientes com sobrepeso ou obesidade, que assumem atitudes de comedores vorazes ao primeiro sinal de ansiedade ou estresse, há magros que perdem o apetite frente ao estresse e assim emagrecem mais”. Causas de emagrecimento Segundo Ellen Paiva, algumas doenças são capazes de emagrecer com sintomas pouco perceptíveis, como o hipertireoidismo (produção excessiva de hormônios da tireóide) na fase inicial, quando o paciente perde peso mesmo comendo além do normal, devido à grande aceleração metabólica. Doenças gastrintestinais, como gastrites, também causam perda de peso, embora nesses casos o paciente passe a comer menos por inapetência ou apresente vômitos. O diabetes é outro fator de emagrecimento rápido porque desencadeia grande catabolismo pela privação de insulina, mas a perda de peso se associa a sintomas de sede e volume urinário intensos.
E há ainda doenças chamadas consumptivas, dentre elas o câncer, que podem levar à perda de peso por dificuldades na alimentação ou no próprio estado catabólico que induzem. “Na maioria desses casos, o médico não encontra muita dificuldade para chegar ao diagnóstico final, pois outros sintomas, além da perda de peso, o conduzem às causas reais do emagrecimento”, diz Ellen Paiva. Magros e comilões A médica conta que muitos pacientes obesos descrevem, com inconformismo, casos de conhecidos muito magros e comilões. “Uma coisa é certa, se eles são magros e mantêm o peso é porque ingerem apenas a quantidade calórica que gastam, diariamente. Nunca conseguiremos convencer os conhecidos gordinhos desse fato. Não adianta explicar que, muitas vezes, os magros comem muito, mas o volume de alimentos pode não significar a ingestão de muitas calorias”. Ou seja, depende mais das escolhas feitas à mesa. A orientação alimentar adequada poderá assegurar o ganho de peso e a felicidade dos mais magros, mas, como alerta a médica, não se deve ter ilusões, pois não é processo fácil. “Muitos pacientes magros voltam a perder peso, exatamente como aqueles que engordam novamente”, diz. Fonte: Jornal da Orla
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